sábado, 18 de dezembro de 2010

Minha vida por Caio Fernando Abreu

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro.Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigencias. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que tinha , assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha,era seu."
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"Então eu te disse que o que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem as pessoas exatas. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse."
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"Eu preciso muito de você, eu quero muito, muito você aqui, de vez em quando, nem que seja muito de vez em quando. Nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não prtecisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico ouvindo seu silencio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito,muito de você."
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"Então me vens e me chega, e me invades ,e me tomas, e me pedes, e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos, e abres a boca para libertar novas histórias, e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso te mastigo dentro de mim enquanto me apunha-las com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa mascara colorida, que me queres assim porque assim és..."
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"Sim, existir é incompreensível e excitante. As vezes que tentei morrer foi por não poder suportar a maravilha de estar vivo e de ter escolhido ser eu mesmo e fazer aquilo que gosto-mesmo que muitos não compreendam ou não aceitem."

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